segunda-feira, 21 de março de 2011

enquanto ele estava parado ali na varanda nada ia mudar.
as pessoas na sala falavam sobre sexo e riam cada vez mais alto.
a sensação que dava naquele momento especialmente era de que nada ia mudar.
aquilo não saía da sua cabeça e ele ficava cada vez mais puto consigo, porque ele queria pensar aquilo. especialmente.
deitou no chão da varanda e ficou olhando o céu da noite pela grade. o céu nublado na noite fica alaranjado.
as pessoas na sala se calaram e passaram a prestar atenção nele.
aí começaram a rir mais alto.
era engraçado o quanto se gostavam. cada um de um jeito particular, mas intensamente em comum.
ele virou a cabeça pro pessoal na sala. como ele gostava de cada sorriso daquele especialmente.
sentiu compaixão, mas ficou tonto.
entrou e falou pra colocarem uma música mais animada.
acendeu um cigarro e ficou dançando junto com a fumaça.
uma vez ouviu dizer que quem fuma fica carregado de espíritos em volta. se divertiu imaginando-se dançando com eles. depois teve medo. mas não parou de dançar.
até que a música acabou. tudo parecia ser um acontecimento grandioso. aí pensou que não estava acontecendo nada de grandioso, aí depois pensou: porque não?
uma de suas amigas estava sentada no chão com os braços cruzados e naquele momento falava sobre os joguinhos que era forçada a participar e como tinha se adaptado àquilo porque era assim, ela falava assim.
ela crescia dentro daquilo e tinha a intenção de chegar em algum lugar superior, chegar daquilo. e ele via assim. um vulcão.
uma vez outra amiga falou que todas as mulheres são bruxas.
deu vontade de desenhar alguma coisa pegando fogo na parede da sala.
deu vontade de abraçar as pessoas e deu vontade de ir embora correndo, tendo alguma direção nesse caso e se todos corressem juntos seria ainda mais legal. deu vontade de saber o que significava as coisas, pelo menos as coisas que estavam ali dentro.
mas nunca seriam só as coisas que estavam ali dentro. mas é vontade, a gente pode ter vontade assim de tudo. tudo. deu vontade de parar de pensar.
aí ele se agachou e falou baixinho no ouvido dela: ( )
ela deu um beijo no rosto dele e falou que ele era lindo.
as coisas depois foram ficando todas meio turvas.
de alguma forma ele voltou pra casa e dormiu.
ele agora está a caminho do trabalho se perguntando se das coisas que vão se perdendo assim na gente algo fica. porque parece que nada de grandioso aconteceu, mas porque não?

sexta-feira, 18 de março de 2011

César encontrou um cachorrinho lindo perambulando numa rua, três quarteirões da sua casa.
levou pra ele, deu um banho, comprou um coleirinha toda transada de couro e corda.
aparentemente tudo bem, o cachorrinho lambia e abanava o rabinho quando César chegava.
mas às vezes César chegava em casa nervoso e se o cachorrinho fizesse barulho, ou mesmo por abanar o rabinho pra ele, César o estapeava e o xingava de doméstico.

sexta-feira, 4 de março de 2011

tem gente que vive mentiras piores. me deixa?
eu tava pensando numa palavra que merecesse ser repetida.
pensei em desconstrução.
não ia fazer sentido falar isso pra você, não assim.
pensando pouco, achei que era melhor:
atenção
atenção
atenção
atenção
atenção
atenção
lembrando que não tá tudo bem, mas tá tudo bom.

quarta-feira, 2 de março de 2011

parte da brincadeira era cuspir no seu café, inserir fios de cabelo no seu sanduíche. porque só queria que qualquer parte minha entrasse em você. fosse assim pouco e representativo, mas dava sensação que uma hora te tomaria por completo.
também te enviar emails e ficar atrás da baia meio disfarçado olhando seus olhos.
pra ver se você ria enquanto lia.
mas não, você nem riu.
ficou bastante sério. mas na sua resposta tinham centenas de 'kkk's. vai ver isso fazia parte da sua brincadeira.
ah. agora que comecei a escrever sobre isso me deu uma preguiça. que preguiça! nossa.