domingo, 22 de novembro de 2015

eu quero me livrar desse carma histórico
eu não vou me casar com o provedor
não vou trabalhar para os castelos
eu não vou usar meus braços e pernas
eu não vou usar meu rosto quadro
e minha voz sereia não vai enfeitiçar seu querer
minha imagem diluída do que querem ver
eu vou passar que nem o vento
eu vou me vingar por entre
eu vou me espalhar me regenerar
eu vou contar pras minhas amigas
nós vamos juntas correr as estradas do passado e do futuro
trazer as cinzas levar as ruínas trazer o sangue levar o verde
no peito a gente vai bagunçar o tempo
eu não estou aqui para cumprir papéis
eu não estou aqui num tabuleiro de xadrez
eu quero pisar dentro do chão dançar minha solidão pra fora daqui
com as minhas amigas com as plantinhas com nossas armas
dar a resposta histórica no altar retumbar um não secular
catastróficas monstras com sangue no olhar quando vierem tentar calar
a gente vai gargalhar a gente vai gargalhar a gente vai gargalhar


domingo, 25 de outubro de 2015

eu vem do interior
caminham de mãos dadas
as ciganas carregando suas coisas
cantam e riem e celebram suas coisas
caminhando a estrada árida
até o horizonte que é a pele

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

manu
esses seus dedos lindos
essas veias latinas
la fora tantos latidos
foram quantas latinhas?
esse sorriso sensual
em frente à explosão
enfrenta a urbanização
dos nossos sentimentos
foram tantos movimentos
e como a gente se encontra
e como se conhece ainda tão pouco
eu sempre acho é pouco
deixa eu te morder deixa eu te morder
você tem gosto de côco
eu vou insistir pra você ficar
mas se não eu vou gostar de olhar
você indo embora
ainda tem tanta pisada
tanto pra gente brilhar
esses seus dedos tão lindos
essas veias latinas
pulsando junto com as minhas


quarta-feira, 23 de setembro de 2015

a pressão na corda oscilava dois centimetros pra ca dois centimetros pra la e jorrava algo como água ou areia na peneira nenhuma perola mas as dunas no deserto são incriveis nao são eu tava no contrafluxo me avistei mas eu sou miope sabe o que eu quero o que diabos voce quer tão velha tão cheia de curiosidade você não nasceu no mangue queridinha sim sim eu nasci pulando um muro e seguindo a trilhacom os cachorros se chega na ruína da casa da velha branca onde se serve uma comida amarela para todos em igual quantidade mas isso faz séculos queridinha sim mas maria tem só seis e ainda está aprendendo a nadar a água escura dá medo mas tudo que ela queria era pular isso faz meses mas na minha cama as coisas todas se misturam e eu não iria te dizer nada com clareza suave peste negra tundun tundundundundun tundun tundundundun eles querem te ver queridinha arrasando no twerk mas eu ja fiz isso ontem hoje eu quero brincar de fumaça você me coloca na boca me sopra e passa os dedos em mim como água ou areia numa peneira mas devolva meu colar de pérolas! são tantas lembranças na minha cama e ela parece tão limpa e arrumada aí quando a onda quebra eu te vejo eu coloquei seus olhos numa caixa de luz e fiz o perfume dos meus sonhos meia noite a diva deita no divã e pede conselhos pra madame satã faz teu corre teu amuleto os encontros deixa que venham

domingo, 20 de setembro de 2015

de repente a cobra desentendeu o chão tinha um rapazinho no meu quarto de uns 3 centímetros ele dizia coisas agudas demais eu pensei em beijos eu lambi mas levei um choque eu tentei dançar mas pareceu um insulto eu arranquei as paredes corri pra fora das ruas eu to tentando eu to tentando eu gritei pro céu mas não houveram raios tudo bem então não vai chover comi um prato inteiro de terra e tive uma ressaca horrível será que eu posso sentar aqui um minuto e relaxar? essas coisas hoje em dia se pede em reza e nessas confusões talvez ela se dê asa porque realmente ninguém mais daria...

terça-feira, 11 de agosto de 2015

"foge, eu sou louca"
ele disse

eu só queria te ver
e ainda quero
adoro uma loucura
amo um mistério
vamo arrancar e arremessar
nossos corações
guardo o meu ódio
pras grandes corporações

não se engana, boy
eu sei que dói
mas a gente sabe que essa coisa
de ser louca não existe não existe
eu to na beira do caos boy
eu to na beira do caos
vem ver a lua nascendo daqui
a gente sente que não precisa fugir.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

loba no seu cheiro de jabuticaba bebendo jesus cristo na calçada
me falou coisas miúdas muitas delas florzinhas pontudas
que se enraízam atrás do olho e quando a gente coloca a cabeça atrás das pernas
pode ver o ciclope fabricando seus artifícios cheio de manha
dança forte sacode pra fora a casca da banana ou era o seu vestido loba manga rasgada fora de época a ultima do galho não caiu somos nós no seu caroço eu sinto bem quentinho o rio avesso ao que passa
em frente sua casa onde eu me sinto minha onde é bom te ver vivendo onde fora a gente faz nossos paraísos paralelos
volto no tempo e criancinha fabrico um perfume de rosas só pra te trazer de volta ao que ainda virá,

quinta-feira, 9 de abril de 2015

começou a chuva ainda bem que tinha me adiantado na feitura dos raios é andei praticando to guardando no meu quarto dizem por aí que eu durmo demais mas eu nunca durmo um olho tá sempre de olho em você mesmo que semi cerrado de canto revirado foi você quem deixou seu esperma em mim eu não pedi essa transfusão e você tem muito o que se transformar ainda xuxu mas com minhas amigas você não vai repetir essa cena não vai mesmo você nem imagina que eu to tranquila no meu quarto tentando te fazer parar de sugar sangue por aí eu leio seus pensamentos eu nem quero mas eu sei de todos eles e talvez seja isso que tenha me deixado tão baixa frequência e eu ando querendo retomar minha potência sabe foram tantas encarnações pra isso? te acho tão fofo brincando com as crianças mas aí você me vem com uma dessas, atirando pro alto e esperando as balas de boca aberta ai que ceninha ai que ceninha faça o que quiser querido nada é maior do que o desconhecido só saiba que se mexer com minhas amigas você vai lidar com gigantes! gigantes! gigantes! eu sei que é tudo uma inconsciência como se saísse me debatendo entre os corredores e minha busca insaciável por sexo tem pouco a ver com você mas se reverte na sua solidão, não foi feitiço meu, foi você quem secou o aquário seu sanguesuguinha milimétrico, acharam que isso seu era uma calda de sereia mas é o casulo que você não conseguiu desapegar preso no seu médio corpo e vou te dizer já ta fedendo viu eu tenho raios pra sua noite eles não vão te machucar mas eles são claros avisos - eu to bem - minha amiga está bebendo um café - assistimos um filme ótimo - você vai ter que conviver com as decisões de merda que tomou.


quinta-feira, 26 de março de 2015

eu pedi pra me apaixonar e abri os olhos deitada na vitória régia do seu quintal
a gente soprou fumaça no bambuzal e brindou nossos velhos orgasmos
a gente riu de si mesmo como bons fantasmas
desejamos boa noite e seguimos pelas pedras do dia
colo o copo de cerveja no ouvido e escuto sua voz
nós nunca fomos de lugar nenhum e nunca fomos só dois
o tempo passou mas ele perdeu
nós estamos espalhadas e misturadas à escuridão de mais uma noite
chove do céu nossa saliva virtual e a ninguém interessa
a percussão dos pingos na janela iluminada
eu estou apaixonada
consigo dormir tranquila e profunda e avessa

segunda-feira, 2 de março de 2015

há um abismo entre nós eu bêbada pulo e caio num emaranhado de galhos secos que germinam em minha pele uma raiz roxa que me ergue dois céus acima do nosso olhar desencontrado estou salva e nada sã mas nas espumas de cura das nuvens eu cheiro o cheiro do longe e durmo acordada outros lances suspenses ave que perguntando porquê continua voando desvairada até duvidar da dúvida até já

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

dedos entrelaçados caminhos abertos
não espero nada em troca não espero sociabilidades eu quero uma palavra lava um fogo líquido do inferno e nem sinal de paraíso nenhum arrependimento riso sem sorriso uma incógnita parabólica dos cheiros e texturas dos rios e das matas que me golpeiam por entremeios enquanto minhas mãos dançam no vento continuo sem ritmo há uma música não industrial se fazendo em mim que talvez nem mesmo seja há um fluxo perceptível e outros não, não me cobro não me cobre me cobra veneno no copo viro três quatro quero outro caminho não posso surge um completamente outro ser vivo que carrega minha carcaça na caçamba coco frevo maracatu samba eu não danço a tradição eu transo com ela uma escavação até o céu eu vou passar ilesa pelos teus ralos teus poros tuas lanternas não me iluminam nos cemitérios na beira da estrada passo meus dedos pela paisagem gozo uma nuvem o tempo é duro eu sou mole manhosa e não quero ninguém toda coberta em lama do mangue eu deito em seus lençóis e sonho terriveis sonhos maravilhosos até que todos esses pensamentos virem outros