segunda-feira, 22 de agosto de 2011


Iris: sabe o que que eu acho que eu vou ser?
  uma pessoa má
  acho que eu posso me divertir mais do que eu imagino sendo mau
 Abel: eu estou no caminho contrário disso.
  sem querer pagar de vilão da novela das oito, rs
23:39 tava falando com a Luana sobre isso na quinta inclusive.
  eu quero realmente ser uma pessoa melhor, Iris.
23:40 Iris: tentar ser bom é deprimente
  tentar ser mau é mau
  vale mais desconstruir bom x mau
 Abel: ah, com certeza. e foi exatamente isso o que eu fiz por muito tempo.
  resultado? me permiti ser muito mau.
23:41 ou seja, estou tentando reconstruir meu padrão moral, sem tentar cair nesse dualismo de novo.
 Iris: voce nao soube fazer isso
 Abel: isso o que?
 Iris: isso que falou que fez por muito tempo
  é obvio
  seu erro talvez tenha sido realmente apenas
23:42 incompetência na descontrução
  e no desvencilhamento
 Abel: será?
 Iris: do pragmatismo
 Abel: é possível que sim.
  mas na real, eu nunca pensei nas coisas (e nao penso) pela ótica do bem x mau.
23:43 o que eu sempre pensei, e o que talvez me tenha feito uma pessoa "menos boa" foi ter decidido surtar de vez comigo mesmo, com a minha identidade e tal.
  escolher a piração e refutar o lado capricorniano racional, óbvio e objetivo da vida.
  algo que jamais me convenceu.
  foi mais ou menos por aí.
23:46 Iris: é tipo o Linus falar: vou ser uma pessoa seca, sou seco
  só que ele ta mergulhado na piscina
  aí o Charlie fala: não, você não ta seco
  você ta dentro da piscina
23:47 aí ele chora: aaai é mesmo
  mas aí sai da piscina
  e se seca
  eeee to seco! to seco!
  só que aí o lençolzinho dele continua molhado
  por muito muito muito tempo
  porque o Linus nao consegue largar o lençolzinho
  pra por no varal
23:48 ai fica só molhado e além de tudo fedido

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

a lua tá numa parte rosa do céu... tem a textura da sua voz quando madruga.
infrator de sinais vermelhos,
estou saindo do seu território.
os sinais estão todos verdes.
seu cheiro ou sua arquitetura
tem uma permanência alheia ao trânsito.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

durmo com a consciência limpa

porque nunca tive ninguém

e amei como um filho da puta

graças a deus, nunca tive ninguém, nunca.

e deus, se me é digno pedir a sua ajuda
independente do meu desespero de amanhã
que nunca ninguém me tenha. nunca.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

duas aspas gigantes de concreto fincadas ao redor dessa cidade
a vida em fim já é uma metáfora, mas essa cidade é óbvia demais
mistério banal
e é proibido fazer barulho essa hora da noite
que cobra clandestina ao sabor da sombra vai me dar o bote enquanto canto essa música silenciosa
de não quereres? quem pelo amor de si me implode pra fora daqui?

terça-feira, 2 de agosto de 2011

enfim... acho que é destino comum após o vislumbre.
se me colocarei virado do avesso fodido em cacos de desilusão é outra historia menos consecutiva...
pessoas cometem. erros e os erros não são necessariamente errados, não são também necessariamente flechas direcionadas... no caso, talvez seja erro conceitual meu o seu erro que talvez não seja.
não é indescutível ultraje sangue derramado, não vou te culpar dessa vez. só que se sangro demais morro.
e a dor tão grande quanto de ressuscitar faz quase não valer a pena.
está claro que tenho que clarear as coisas. saber onde, quando, quem é você e porque, não te matar e não morrer, transcender. esquecer também já não parece coerente nem digno comigo mesmo.
entro em uma busca múltipla e infinita então e não espero resultados esperados, não chegarei em mim, não chegarei em você, não chegarei no todo. andarei.
levantarei primeiro desse lençol suado, enlaces de amor e mistério, microinexistências, violências.
contemplarei a vista concreta da janela e atirarei a fumaça do meu cigarro contra o belo.
me certificarei de que tenho todos os botões fechados, retificado meu pensamento em círculos, terei o ímpeto de pegar a chave do carro, terei a audácia de me vestir e sair.
assim que tiver certeza de que não procuro exatamente nada, parto em busca.
você me abriu uma fenda, na qual me desdobrei. não sou nem serei nunca mais eu.
100 km/h é meu disfarce, em instantes. se anda ao meu lado te amo e te entendo, se fica pra trás te lembro, em outro caso te atropelo.
quem diria... quem diria...
se você estivesse aqui, acharia que está tudo bem com o mundo.