domingo, 31 de janeiro de 2010

Estou ficando sem ar
estou fechado dentro do meu corpo
pois algo se ergue em mim
e você persegue e quer dar fim
quantos foram trancados
jogados no escuro de todos e quantos
meu deus, se convenceram de que
eram mesmo loucos?
Isso que em mim cresce
como que por rebeldia
erva daninha
que é tão só minha
mas que você arranca
estanca meu sangue
não vê? que cresce também em você?
porque fecha os olhos por dentro?
quantas mulheres com a tal histeria
meu deus, o que seria
de mim sem minha liberdade?
mesmo que tenha medo dela
mesmo que chegue tarde
mesmo que eu jogue pedras nas janelas das igrejas
que você edifica dentro de si
e ainda assim mantenha capelas dentro de mim
ainda que não saiba a hora de dizer sim
Deus, que ainda te chamo,
me livra dessas pessoas neblina
me livra do que a boa conduta ensina
Deus, para que me liberte enfim
quebra janelas em mim...

sábado, 30 de janeiro de 2010

eu te amo. quero matar essa frase.
afinal, o que é isso?
isso é uma maquiagem. batom de puta.
tenta deixar as coisas mais bonitas, mas elas não são.
quer dizer que preciso de você pra justificar a merda que eu me tornei depois desse tempo todo
ou quer dizer que quero trepar com você desesperadamente
ou quer dizer que me acostumei com você e tenho medo de sair
ou quer dizer que acho que você é só quem entende o que eu digo
ou quer dizer qualquer outra coisa...qualquer outro tipo de carência
mas amor?! que porra é essa?
afinal,  pra que sequer começaram com isso algum dia?
não faz o menor sentido essas cores todas que essa palavra carrega.
é tudo animal! é todo bruto, não é abstrato nem merda nenhuma. é carbono e.
mas eu sou gente e tudo, que nem todo mundo
aí quando tá tudo fudido na vida eu também rezo antes de dormir
aí eu também meto na cabeça que tenho que amar alguém
e vê. chego a amar. chego a sentir a porra toda! como um esquizofrênico vê demônios ou fadinhas ou o caralho a quatro. eu fico de quatro por causa dessa merda.
mas isso acaba aqui. não uso mais essa palavra. não acredito mais nisso, mudei de religião.
se quiser levar a puta, vai levar com ruga, pentelho e menstruação.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

tem o que sou, o que pareço ser, o que gostaria de ser e o que não sou. e esses quatro vivem dançando, trocando de lugar, se misturando.
o que eu sou é de uma luz pálida e rápida, de modo que parece mais ser um espectro do que algo mesmo concreto.
o que pareço ser é um grande ator. com mil rostos e vozes e maquiagens. engana todos os outros. engana até mesmo o que eu sou, que nunca sabe se é, nunca sabe o que é.
o que eu gostaria de ser é um anjo amorfo que compreende todas as línguas, até mesmo as desconhecidas, tem cores fortes, mas sem violência. é quem dá a cadência da dança. causa inveja ao que pareço ser e dá vida ao que sou.
o que não sou é um ladrão. irmão do que pareço ser, mas um vigarista mafioso que se faz convencer pelo olhar. se ocupa de seduzir ou iludir, enganar quem está de fora da dança, desatento.
(quando tu acusas o que sou dessa maneira, estás na verdade falando do que não sou. Não vês a confusão que estás fazendo?)

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

eu nasci nessa casa
nunca saí daqui
meus pais também
nasceram aqui
só depois de um tempo
que eu descobri
que essa casa guarda um segredo
e aí eu vi que as pessoas andam com medo
sempre têm um certo medo no olhar
mas parecem nem notar
um certo dia eu ouvi
vindo de dentro da parede
uma voz, atrás da parede
dizia que sentia muita sede
muita sede
e que tinha um segredo
e que tinha tanto medo
que às vezes esquecia
quem era, o que fazia
onde estava?
meu deus, minha casa
guarda um segredo
meus pais não sabem, ninguém sabe
quem esconde?
ninguém responde
a voz por dentro das paredes
eu nas grades da janela
da minha casa
bonita e amarela
ninguém sabe
ela guarda um segredo
por trás da parede, eu ouvi
eu tenho tanto medo
meu deus, tanto medo de descobrir.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

tava tudo certo, você diria. tudo no seu devido lugar.
tudo bem comigo. tudo bem contigo. mas era mais do que isso.
_tem uma parede de medo que separa um vazio imenso
_do que você tá falando? eu não te entendo, sério!
queria poder dizer que bastava, que nada mais havia.
queria mesmo fechar a mão e nao querer pegar mais nada daquele momento,
porque deveria mesmo ser só isso, devia ser sim e ponto.
_esquece, nem eu me entendo.
mas de alguma forma eu queria bem mais do que isso.
a porta estava aberta, mas eu ainda batia, batia. e continuo batendo...