sexta-feira, 24 de setembro de 2010

oi, desculpa te acordar...desculpa, não é justo que só por que eu me cansei de sonhar, atrapalhe você também... não, não é justo mesmo. desculpa. vou desligar.

sábado, 11 de setembro de 2010

como eu gosto de aguar as plantas! elas precisam de água e eu dou água. é fácil. elas sorriem tão fácil, ficam moles de prazer.
provavelmente isso aqui era um deserto há centenas de anos. deus abençoe a água encanada!
é real agora.tenho água em minhas mãos e escorre o orgasmo de gerânio. penetrando na terra.
tão seca estava. não mais.
eu tava pensando quanto é forte que a gente possa gozar de um sonho, sem nenhum toque. talvez a gente possa também se alimentar, talvez não seja preciso nunca acordar.
será que a tecnologia um dia também nos oferece essa escolha?
eu acordei me sentindo tão bem hoje. estava vindo mesmo de um lugar muito bonito. aí vi arthur entrando no quarto. vi com tanto prazer. falei um oi macio, como quem chama, como quem abençoa. mas arthur já estava com as portas fechadas desde cedo. já tinha saído pra comprar o almoço, já tinha enfrentado filas, já tinha xingado alguém no trânsito. me disse bom dia, me ajuda a arrumar a sala? tá uma bagunça e minha mãe chega em uma hora!  ele foi delicado, mas em outra dimensão.
eu vinha das mãos de um semideus de olhos e cabelos brancos. tinha uns dez metros e eu ficava rolando na palma de sua mão. cada vez que ele chegava perto sua boca fina púrpura e soprava uma brisa fresca sobre mim eu gozava litros de luz, e rolava por cima , ele me lambia inteira... arthur calçava chinelos e usava uma bermuda de poliester e andava sem pensar no ato de andar. arthur tinha ligado a tv porque não gostava de silêncio na casa. arthur não estava alegre nem triste. como eu gosto de arthur. não sabe nada quase. como eu gosto de arthur!
bonito, crescido e ingênuo riscou uma linha no meu corpo. não me aguentou inteira. mas eu o entendo, lhe ofereço meus pedaços. afinal fizemos um pacto.
um dia terei filhos com arthur, mas não serei mãe deles por inteiro.
só da parte que arthur escolheu para si.
que assim seja, pra sempre aguarei plantas e morrerei de sede dos homens.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Leo dormia tranquilo por baixo de limpíssimos lençóis azuis.
Súbitamente desesperadamente assustadoramente acordou com as explosões e caiu da cama.
Era Paula. Que, calçando apenas um scarpin de couro preto 15cm, jogava bombas de efeito moral em seu quarto.
E ria, ria loucamente. ainda mais sonoro e ainda mais profundo quando saiu desfilando nua pelas ruas de braços abertos.
...ela. tudo por culpa dela! que delícia, posso dormir em paz agora.
tava pensando, na real...que a gente coloca os sentimentos. todos os sentimentos dos homens do mundo inteiro, na real. a gente faz um templo. coloca num altar esplêndido. e aí é tudo lindo. é tudo arte, é tudo sublime trágico devastador mágico apaixonante e o diabo.
não é, sabe? outro dia pesquei uma conversa da mariana, ela disse: nossa, ele podia dizer qualquer outra coisa. mas ele não tinha o direito de dizer que ela era gorda. não tinha esse direito!  e ela balançava a cabeça, tava indignadíssima mesmo. e eu não movo uma palha, sabe? ele tinha o direito sim. como se ferir os sentimentos dela fosse uma catástrofe monumental. um genocídio. foda-se! magoar alguém, meu deus, é horripilante. não é. que diferença faz? não vou sair por aí também, buscando o mal pros outros. não sou infernal assim, você sabe. é só que isso é inevitável e não haveria de ser diferente. esse teatrinho incorporado me incomoda tanto. esses recalques, todo mundo medindo palavrinhas. e é por isso que rolam explosões assim. as vezes voa um sapato na cabeça de alguém, ou se quebram vidros de perfume. porque alguém foi franco sem se preocupar com os sentimentos de outra pessoa. "aaai são os meeeus sentimentos. você não sabe por tudo que eeeeu passei!". se enxerga guria, sério. todo mundo passa por muita coisa. e tudo tem medidas diferentes pra cada pessoa. vai ficar chorando aí até quando. i n f a n t i l. é, é como insulto mesmo. não vai ficar esperando que eu te lamba!
morte à santificação dos sentimentos. ela não me quer! me sinto triste. me sinto tão tristinho. ela vai me achar um fracassado! meu deus meu deus. alguém alguma vez na história exagerou um pouco só pra brincar de poesia e acharam que era isso a vida de verdade. a resposta pra tudo. a resposta pra deus. que se perdeu na evolução da raça humana. ta aí. a gente tem que parar de pensar que é gente. a gente não é. inventaram isso aí, mas é tudo fantasiazinha de história de criancinha mesmo. mas ninguém cresce. a gente é que nem planta e bicho e máquina. só que a gente inventa lenda. você vai me achar um monstro mesmo agora. mas acho ridículo quem chora em um enterro. chora porque? nunca mais vou te ver! tudo que ele perdeu! tinha tanta coisa pra viver ainda! primeiro, que egoísmo! ai, meu sorvete acabou, mas eu quero outro, eu quero! depois que não adianta ficar se lamentando porque os planetas giram em torno do sol, né. ninguém nunca disse que era de outro jeito. ai, me dá uma preguiça. pessoa. coisinha grudenta incurável! nunca para de querer o colinho da mãe. espera, vo ali vomitar e já volto!...também. que cansei de ficar aqui me explicando pra mim mesmo e me tratando na segunda pessoa. já me acho gentinha. hahaha, ridículo! mas vou, vou respirar profundamente. passarei anos inspirando, outros anos expirando. vou ganhar meu dinheiro sujo das mãos dessa gente tosca. vou me fazer no buraco mais obscuro e encardido da terra. vou plantar duzentas plantas lindas ao meu redor. vou ser amigo de animais. não consigo imaginar maior felicidade e realização. dormirei, dormirei em paz agora. e nunca, nunca rezarei! hahahaha...

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

ela era tão intensa que a chamei de vida, pra lembrar de como deveria ser.
mas quando depois a reencontrei:
vida queria morrer