quinta-feira, 29 de setembro de 2011

enquanto facas e navalhas
são só imagens e palavras
depois da anestesia
sempre estarei, pra você,
num campo de desconcentração
e tanto terá medo que me odiará
lançará mísseis de desprezo
e sentirá dor ao rolar na cama
porque eu fora?
o sangue derramado foi meu, bem
porque chora?
se não por mim... tudo bem.
têm fracassado frequentemente
em me anular de mim
o sofrimento todo eu sei
sabe onde aperta quem calça o sapato
mas te toca a estética
couro lustrado
porque ignora?
o boi, rapaz, o boi
toca aqui sente só
a quentura o falo
o buraco é mais embaixo e eu
não abro mão da frida kahlo

terça-feira, 27 de setembro de 2011

te cuspir vivo do meu estômago vai ser melhor do que te digerir. antes que me cause uma infecção, antes que entre pra rede sanguinea.
porque me vê como um símbolo e não como ser humano. e isso dentro de mim me dá uma tontura. isso que é feito você também aprisionado aqui. e antes que apodreçamos que apedrejemos-nos no oco de nossa pedridão.
rudes rudimentares dois patetas jogando cada um o próprio jogo e arriscando justo no campo de interseção o único elo que nos era possível, trocando o todo pelo eco.
o objeto poeril entra por nossas largas narinas e vira alergia, o que era pra ser destrambelhada nova causa de vida.
mas numa esgarçada esperançosa última tentativa
enfio a mão dentro de sua calça e o que pego... que surpresa! ora se não é o seu ego!
te cuspo, te cuspo seu desgraçado. te cuspo no prato em que te comi.

e saio que a vida fora é mansa.
santa caos
meu corpo de pele macia
se afunda em si
transvia-me do tédio
dessa tijolística languidez
me esparsa do medianismo
da branca pequenez

vê que tem um cardume inteiro
se debatendo na rede do vento
e no cerrar dos olhos não escorrem lágrimas
mas penas
santa caos,
meus sentimentos parecem todos
paranoias...

não me abraça, não me abraça
a destruição veio antes da minha infância
antes da minha imaginação.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

terça-feira, 20 de setembro de 2011

terça-feira, 6 de setembro de 2011

a dor desértica
o choque elétrico
mãe, por favor um anti-séptico
me limpa do que eu não sou
que eu não sou, mãe, juro eu não sou
aquele homem, mãe, aquela estrutura
aquela mão, mãe, na minha cintura
aquela dor invisível
não pode ser não pode ser
aquele eu desprezível
ninguém viu, mãe, ninguém viu
quando num deslize, um deslizamento
quando a terra se abriu, mãe
quando meu corpo caiu
agora a dor desértica
agora a sede hipnótica
miragem, mãe, vertigem
ninguém, mãe, juro que não sou ninguém.