segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

chora agora que vai ser lindo
posso até esquecer o quanto você está errada
e me apaixonar de novo por você
mas chora soluçado, chora com o corpo inteiro
pede gaguejando o meu isqueiro e fuma uns dez
se acaba em lágrimas só dessa vez
só pra eu ver
pra eu ver que você tem a mínima noção do que fez.

domingo, 20 de dezembro de 2009

eu sou essa menina
nesse lago de cristal
sorrindo, sendo normal
as vezes sou a felicidade
que me aparece como um presságio
mas quando eu rio,
sempre parece algum tipo de plágio
e presa peso em mim
muita coisa que eu não sei acontece
muita coisa que eu não sei e é
ontem eu estava feliz
aí sonhei com você
tanta coisa, tanta coisa que já quis
agora não quero nada
esse nada que eu sempre fiz
e me fez essa menina estressada
que vocês jogam na cara
e sou! verdade, podem rir
princesinha urbana depressiva e mal amada
já nem consigo mais sonhar com o mundo
você aqui me amando e me fazendo acreditar que você é tudo pra mim
e eu até me engano, às vezes...
e outras vezes quero bater no meio da sua cara e correr
aí eu me puxo com força e caio aqui dentro de mim
e quase não saio
raramente eu saio, minha vida é um desmaio
isso aqui agora é tudo que eu tenho
e agora agora agora, nem mais isso...

sábado, 19 de dezembro de 2009

_ontem aconteceu uma coisa muito legal!

_ééé? diz!

_ eu liguei pra Jô, aquela minha amiga emo

_sei sei

_entao...só que ela tirou o tel do gancho sem saber que tinha atendido...
não sei como aconteceu...

_oxe..que nada a ver!

_só sei que ela atendeu....
mas não notou...aí o tel ficou lá..

_hahahaha! e tu de fofoqueira que é:

_ e eu na linha achando que ela tava zuando e ia atender já já
mas sim...

_euheuhuheuheuheh

_ficou silencio um tempo e tal...
aí eu ouvi a Jô falando com a mãe dela...
só que olha só:

_umm

_ ela não falava como ela fala com a gente...ela falava como uma pessoa SUPER normal!
é porque você nunca falou com a Jô...
mas ela sempre fala gritando...e exagerando...e usando umas girias que ela sempre inventa...e fazendo gestos de tudo que fala... é a pessoa mais engraçada de se ouvir falar...
mas aí eu ouvi a Jô-normal!
ela tava falando do curso de psicologia com a mãe...

_que coisa legal, de verdade

_e tava falando de documentos de algo...
e ela falava de um jeito tão legal...
sei lá...porque era natural, uma vozinha mansa... hehe não sei explicar...
e eu sempre achei a Jô, das meninas do grupo que eu consigo mais me identificar...
só que é dificil explicar isso porque ela pro mundo é totalmente diferente...
e eu vi como ela é normalmente...e achei ela a pessoa mais massa do mundo!

_achei isso bonito

_é, sei lá...eu fiquei feliz com isso
_mas tu falo com ela depois pelo menos?

_não..

_uai! porque??

_a mãe dela pegou o telefone e disse "alô?"
aí eu puf! desliguei

__HAHAHAHAHAHAHA
porque tu fez isso?

_depois eu conto pra ela, ou não. não sei

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Aquela menina gorda, de cara rosada, que tinha um cheiro horrível e que me perseguia na primeira série. Dizia que me amava e fazia desenhos, muitos desenhos, sempre árvores coloridas com dois bonecos-palito em baixo, eu e ela. Me dava um mal estar. Eu a ignorava completamente, acho que até chegava a odiar, com o ódio que uma criança de seis anos pode ter, porque ela fedia e me adorava. Pode ser ela ali. Parece tanto. vou passar direto, fingir que não vi. Não vou pegar esse panfleto. Não quero nem saber qual a causa pela qual ela está lutando, em que partido se filiou, ou que peça está apresentando, ou se está trabalhando em uma pizzaria e pretende sair de casa...seus interesses, suas ambições. Que ela chegou em algum lugar, cresceu, tá num caminho. Não quero saber nada. E tá tudo ali naquele papel que ela entrega com tanta paixão. E tantos nãos que recebe e nem sente, ignora tão bem. Tenho que sair logo daqui. não vou olhar, não vou olhar. Ela está tão bem. Ela está em uma direção. e eu nao. eu estou abandonado, abandonado. esse ser sem forma que não sabe pra onde ir, pra onde olhar e quer fugir... o que aconteceu? tenho que fugir. Vai que ela me reconhece. Vai que lembra de como eu era. Vai que espera de mim alguma coisa. ai nao. não posso com isso. não suporto mais expectativas. Ela vai lembrar e vai achar que ainda sou o menino mais popular da escolinha, na certa vai esperar que eu diga um "Oi" super simpático e faça piada com a cara de alguma professora como eu sempre fazia. não. não. tantos anos. Se ela vir que eu me tornei essa pessoa opaca e fraca. Se ela me vir na sombra dessa árvore cinza e seca. não é culpa minha. sozinho. não é culpa minha. foram eles, aqueles... eu não sei o que aconteceu.
Quero de novo que eu decida quem entra na brincadeira. Quero de novo que ela seja gorda e feia! Meu Deus. Meu Deus. quem sou eu?

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Maquiando

Dia vai, dia vem... não aguento ficar parada!
parece que a casa vai diminuindo, diminuindo...daqui a poco vai me esmagar. ahhhhhh!
o telefone não toca... mas também todo mundo já desistiu de ligar. não sei porque resolvi parar de atender. sei, mas nao quero pensar nisso...
Cabou o miojo, tenho que sair pra comprar alguma coisa. Essa gripe infernal me ancorou aqui nessa cama. vou morrer de fome...como eu, que sou eu! , não sei fazer a merda de um arroz com feijão??
Me acho ridícula por pensar em voltar pra casa nessas horas. Sei bem que a situação estava insustentável. Agora tá aí esse caos todo, mas um caos sereno..to em paz com meu dinheiro, minha kit, meu cachorro e meus prazeres só meus, todos os homens que trago aqui e finjo que são meus...aaa como eu me enrolo com isso! aaaa como eu me engano...era o que eu queria, não é? nada adianta agora... nada de bom passa na TV, não agueeeeento mais! O Jô já passou da hora, convenhamos... intragáveis essas entrevistas medíocres, pura puxação de saco.. nojento... nojenta tô eu nessa cama suada...suada... ainda tá com o cheiro dele, ainda... ainda me dá um frio na barriga quando de vez em quando acho um pêlo dele, fico toda feliz e... será que ele volta? será que toca o interfone no meio da madrugada me pedindo de novo, me chamando? será que vou passar uma noite e uma manhã inteira na varanda tomando vinho, fumando um, morrendo de rir, pegando meu advogado e ele naquela pegada...ai que tesão!... e pegando uma big gripe mortal também...ai que bad trip! vai fazer cinco dias... nada... nada... O Devoga tá virando uma obsessão, que perigo!
e eu bem sei, desde o início, que ele é só rala e vaza...aaa mas Deus sabe que eu não posso me envolver, mergulhar de cabeça em nada agora e o quanto eu tenho razão, apesar de arder de solidão...aaa e sabe também que eu fraquejo e quanto!... mas isso é passageiro... tudo é fase... como dizia a Lu.. nossa, puta saudade da Lu... que será que ela tá fazendo agora?

" :Luuuuuuuu!

Novidade Bombástica!
foi tudo pro ralo e o pior que ainda saí ralada!
Estava indo e indo e indo com o devoga, quando resolvo ir pra city vizinha..
[comportada, eu juro! nem parecia eu, isso eu nao ja não estava achando bom, mass..
decidida a mudar pra melhor, nao por ele, mas por mim tb, enfim, fui!] num churrasco demais!
Cheguei suuuuuuuuuuuper brilhando em casa, e esqueci que tinha marcado um cine com ele as 4
e isso ja era 9 e resolvi bombar no msn, conversa vai, conversa vem.. abri meu coração demais ou seja
ajeitei a bola pro gol né?
ou me espanca ou faz sucesso. continuando. achei total sucesso.
[AH! ao mesmo tempo um ex super paquera voltou de florianópolis bombando na minha vida] enfim,
ia rolar uma festa em que os 3 [eu/devoga/e floripa] iríamos, e o devoga lançou suavemente a bomba :
"aaah quero ir solteiro..." [mas ele nem sonhava a hipotese do ex de florianópolis!]
BELEZA! vai! E eu, nada bem.. coloquei meu sorriso no rosto e fui;
cheguei lá, o tal do Floripa bem.. na sua pegada ruimmmm [arãm ] me embaraçô.
resolvi fugir pra nao causar problemas. mas o Floripa é apaixonadinho (ate gosto dele, mas nao naquele dia!)
Mas, com a minha mente juvenil, resolvi ficar com ele a festa inteira, Devoga gracinha viu,
[mas não o vi e tb não fiz de proposito, alias, mais ou menos, queria estar com ele,
mas nao ia dar o braço a torcer nem a pau] não gostou e resolveu me crucificar!
fiquei aqui, parecendo uma "emo" trancada no quarto ouvindo Maria Bethânia e pensando na vida final de semana e feriado inteiro!
não cheguei a conclusão nenhuma. Sei que o Devoga, cão arrependido mas orgulhoso,
ja lançou cada besteira que dói e aí resolvi parar com tudo. nem entro no msn, nem atendo telefones. Melhor assim...deixar a poeira baixar...
ele nao quer agora, mas quem sabe depois... ... Depois?
depois eu to é otima e com outro, né amiga?!
alias, sozinha! pq a minha tal crise [lembra?] era isso.
to me amando demais pra esse povo. [de coração partido um pouquinho vai...mas tudo bem!]

Um beijo gigaaante irmã, você não sabe a falta que faz!

P.S.: Já consigo ouvir sua risada quando ler a parte dos meus dias-emo! eu mesma morro de rir só de lembrar a minha cara tronxa ao acordar em pleno feriado de sol! "

Mentirosa! não estou rindo, estou morrendo de tédio! Mas tá de boa. ela vai me ligar assim que ler o scrap e nós duas vamos rir até rachar da minha cara e aí eu vou até melhorar da gripe e domingo vai ter samba no Calaf e eu vou com aquele vestido florido e aí eu pego um Zé Ninguém e tudo bem, tudo bem. Eu to ótima! Sempre estive, sempre estarei.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

_porra...não consigo aceitar!
Lembra aquele dia que ela começou a chorar do nada e disse que queria alguma coisa nova e nada acontecia...a gente ficou de cara porque ninguém esperava isso dela... mas tá vendo? nada aconteceu, nada aconteceu... porra ela fez tudo que ela podia! e ela vai passar por tudo isso de novo!
_Cara ...pensa diferente... ela vai passar por tudo isso de novo! entende?

domingo, 6 de dezembro de 2009

luz noturna no meio da infância

abriu todos os olhos no meio da escuridão de tudo e apertou as mãos na barriga e se agarrou com força para ter certeza de que tinha o sonho acabado por completo.
os olhos imensos abertos acostumaram-se com o que sobrava da luz que vinha da sala e refletia na cozinha e batia nas janelas do jardim de inverno e passava ínfima por baixo da porta.
se levantou. mas não sabia por que tinha se levantado. se sentou na beirada da cama. lembrou que tinha medo das madrugadas. sentiu que precisava ir ao banheiro. lembrou que tinha medo do barulho da descarga na madrugada.
deitou-se novamente e se cobriu por completo com o lençol de malha. era boa a sensação. era um carinho que se fazia ao mesmo tempo em todo o corpo. como se a malha fosse uma mão gigante compreensiva que encostava gentilmente a pele inteira. começou uma dança com os músculos da perna que entravam em cadência com a barriga e os ombros terminando todos por se juntarem num átomo compacto, um ser circular pequeno e conciso que tinha todas as partes tocadas. de um ser passava a um espectro. era algo fundo que estava protegido e sorria. sou uma malha roxa, uma malha leve. encontrava sua mão. pegou sua própria mão. para que assim se mantivesse meio em sonho, meio em si. sentia que era sua mão e era gigante. queria compreender tudo. algo novo. seria a única pessoa a saber, porque o resto do mundo dormia. e as mãos dançaram até o fundo do que era. e era algo desconhecido. uma caixa fechada. uma caixa de presente com um laço delicado rosado que os dedos foram desfazendo gentilmente, compreendendo cada volta da fita até que se desfizesse em nó que se abriu macio. tateando. tateando no escuro. o que guarda essa caixa? essa caixa, o que guarda de mim? o que abriga essa caixa? o que dessa caixa abriga em mim? que é dessa caixa que se abre e se fecha...se abre...se fecha? quando por causa do movimento, ou não, ou por causa da fase lunar, vieram duas fortes correntezas contrárias, duas ondas de dormência que se mexiam, que vinham dos joelhos e do umbigo. uma pororoca magnífica, que ainda não se sabia o que era, mas que transbordava e escorria pelos dedos. não se sabia o que era, mas sabia agora, que os dedos tinham ido à boca,era doce e salgado, era, de tão gostoso exaustivo, tanto que dormiu, sonhou e nunca mais voltou.

sábado, 5 de setembro de 2009

Pra Ele.

Não é, mesmo nos dias de hoje,
banalidade quando um homem assim chora
quando fala assim, coisas esparsas, coisas muitas, muito suas
e daí lança de si, expulsa, coisas assim que de tão delicadas chegam a ser violentas
e dessa violência chegou a machucar sua mãe em um lugar que nunca havia sido machucada antes.
portanto, não é qualquer coisa.
Ele falou, falou, chorou, falou, falou e isso não são só palavras jogadas assim inconsequentemente. Ele é um homem, e se formou até o momento presente para ser homem, homem fortaleza.
E ele ainda é, porque seu corpo estrutura todo rigidez e força reforça isso, suas mãos grandes e ossos aparentes, sua sobrancelha baixa, seu tom de pele e de voz...
chega a ser meio arcaico, ele, que até impõe certo respeito, mesmo sendo jovem, sobre as pessoas, que sequer imaginam existir assuntos assim internos, secretos, seus.
Por todo mundo hoje ser tão aberto e acessível para o mundo todo e todo mundo ser meio homem e mulher e bixo ao mesmo tempo e ele não, não deve se tratar o caso como se trata esses outros modernos.
Ele não é moderno e não é errado por isso. Ele não é daqui. nem todo mundo entenderia isso.
O lugar de onde veio vive num passado.
Quando se vai pra lá, se faz uma viagem no tempo de pelo menos uns 50 anos... e é essa saudade de meio século que ele carrega em seu interior e isso é coisa demais, mesmo para um homem fortaleza. Essa idade é incompatível com seu corpo jovem que se abriu e disse eu te amo, sinta tanto sua falta, não aguento mais e machucou tão fundo sua mãe que chorou 50 anos junto com ele.