segunda-feira, 21 de junho de 2010

silêncio.
consegue ouvir?
outro incêndio
o ar queimando
Brasília anda muito seca
muito muito seca
outro dia eu quase peguei fogo
ele quase pegou fogo
sozinho
dizem que faz bem
faz renovar
frutificar...
ontem antes de dormir, eu pensei que pudesse amar Leonardo, pensei que fosse Amanda, pensei que fosse fácil, pensei em largar tudo, pensei em voltar pra Bahia, voltar pra São Paulo, pensei em me demitir, me divorciar.
ontem antes de dormir no meio-fio, fiquei olhando a grama crescer, a grama extensa, o terreno vazio, o prateado da lua, do meu prazer, da sua pele fria. fiquei pensando na cidade inteira crescendo. lembrei o quanto crescer dói. a dor nos ossos, nos sonhos. me senti criança, me senti crescendo.
aí eu vi o silêncio gigante de Brasília e dormi quase que instantaneamente, foi como uma pancada na cabeça.
vi tantas cores, você dançava tão livre por entre as luzes e os sons que tomavam forma e te imitavam. era frevo, maracatu e baião. era bossa, choro, riso, contemplação...pensei em ficar. dançar pra sempre com você. pensei no quanto a gente ainda vai crescer...
depois que o fogo apagar
depois que a fumaça sumir
assim que eu acordar
pra viver

domingo, 13 de junho de 2010

um cachorro preto faminto preso
latia, se debatia, e rosnava.
apenas um metro depois da sua corrente esticada,
parado sereno livre, havia um gato
que tranquilo profundo virou o pescoço e me olhou
(   )
por um instante eu fui o gato me olhando
com sete vidas pela frente
de um jeito invasivo alheio indecente
só me olhava, me olhava
e não via nada
não via nada.