domingo, 29 de julho de 2012

porque você tem lindos olhos claros. e isso lhe trouxe grande alívio. por um momento.
na verdade não haveria escapistas.
as memórias foram vindo murro por murro. que também tanto fazia a dor tanto fazia a azia e a autopiedade.
não havia inocentes. toc toc. trouxemos mais duzentos. eram duzentos amarrados numa só cama de solteiro. um mais novo e mais choroso cantava ......... as coisas que não existem nem sempre são mais bonitas. aquele castigo, por exemplo, não existia. sabia.
pelo menos tinha certeza que não arrancariam seus lindos olhos claros. ele mesmo os arrancaria, e nínguém o tiraria esse gosto.
assim que teve a ideia, coisa.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

ontem fiz um sacrifício em meu quarto, uma oferenda pro deus proscrito da inanição, desconhecido e aparentemente vago e marulhoso, progenitor das falhas de comunicação, deus absoluto. matei um rinoceronte.
não me sinto melhor. como já não me sentia. como jamais me sentirei.
falei morra! e ele morreu.
suas intenções não interessam aqui, o que se faz implícito, o que se redobra inominável e incalculável, os sentimentos e mais as outras coisas outras que a sociedade não construiu e ainda nem sequer pensou em afogar, nem a paralisante sensação de ter os olhos arrombados pela imagem de um rinoceronte caído morto no chão de seu quarto. não.
para que siga o deus da incompreensão e do esquecimento, magnânimo invencível do progresso, as nuvens da política do bem-estar, do bom homem que me tornarei e te tornarás.
devemos apenas enterrar esse gigantesco inconveniente e cimentá-lo. sim.
assim ele se senta em sua celeste poltrona e se alivia numa gargalhada secular.
mais um infinito foi calado. outro corpo foi banido. mais alguém passará incontáveis eras a suplicar por uma gota do sangue que derramou, mas nunca terá e nunca morrerá da sede. mais um prédio. mais uma rua pavimentada. mais um esquecimento. mais dois. agora sim, tudo bem. o certo é certo, amém.
que pisem como pisam na paulista apressados, que vendam ingressos pro espetáculo, que vomitem nas madrugadas, multidões, sobre o solo impávido de meu sacrifício.
que nunca ninguém veja.
que nunca ninguém chore.
que nunca ninguém questione a superioridade das razões de deus e assim
que nunca me condenem. 

sábado, 14 de julho de 2012


múltipla fome
quais estradas misteriosas me descaminham do formato difuso que eu boto fé
ao passo que lado a lado caminha o sonho carinhoso das específicas assombrações
é a prosa profética da diabete no tronco vermelho do bambu
o apocalipse já passou, meu bem!
o coringa é o único que ainda ri
da seiva pagã que escorre
de meus
desconexos
e místicos
neurônios...