quinta-feira, 4 de agosto de 2016

estou meio exausta como eu vou negar? esse liquido esguichando do meu corpobarragem todo rachado como se eu fosse um filtro de barro dançando forró nesse salão todo lotado mas ta todo mundo suado! mas é garota, as pessoas viram o escorrego e olha ela toda palhacita segurando essas plantas na cabeça duas horas seguidas de quedas nas passarelas no youtube comendo um bolo de aniversário com a mão eu não sou só um filtro de barro eu sou uma partícula de mutação nesse universo de universos enquanto a cerveja atravessava meus chakras e esse liquido jorrava por entre as células eu tentava dizer alguma coisa com os olhos cadê esse gato com a minha lingua? é garota, parece que alguém filmou e publicou seu escorrego eu não to nem aí, eles nem sabem da fundura que eu já caí jajajajaja mas olha eu sei lidar com a minha bosta querida eu me lambuzo inteira eu estou exausta não vou negar mas eu tenho um jardim e eu não quero nem soar romântica digamos que o amor faz coisas simples como o fogo pode ser na voz da marina de manhã ou qualquer hora que acordar de ressaca mas sim, corações a mil exaaausta é muito difícil me defender dos juris porque eu não sei a língua deles apesar de falar tão bem eu estava tentando dizer alguma coisa com os olhos e tantas vezes eu apertei eles forte só mergulhei nos cabelos das minhas amigas enquanto ondas de flechas faziam pororoca no céu chovia mel chovia sangue aparecia uma coruja e falava inveja aparecia um pombo e dizia beija aqui minha ferida aparecia de novo essa mesa essas garrafas essas risadas e tá um tesãozinho mesmo eu não vou negar eu não vou negar nada vem vem com tudo pra sempre eu já explodi minha barragem não tem mais o que você quebrar aqui só tem movimento passagem pode passar. tão solita tão crowdiada tão exausta tão sangue nuzoi.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

canto manto I - pra curar amigo que se perdeu na embriaguez de uma noite

minha circulação circula junto com a dele e com o vento

canto manto II - para inflamaçaões internas

tudo que dentro da minha carne queira me machucar
se desintegrará se autoconsumirá
sem que respingos de dor venham me bater
sem que pela dor do outro eu tenha que me doer

domingo, 8 de maio de 2016

eu não tenho nada pra falar pra eles. eu não tenho que dar nenhuma satisfação da minha experiência. eu não tenho que fornecer informações da minha expedição. eu não quero ganhar essa medalha. as épocas são outras eu sei, tanta coisa acontece lá dentro, mas porque essa tontura? porque essa sensação de que meu corpo se redobra três séculos a cada palavra que eu escrevo? me diz mãe que isso não é um suicídio social, diz que eu não vou ter que andar por aí agora como zumbi. diz mãe que eu não vou ter que comer a carne deles pra sobreviver só por causa desse ímpeto de renegar, dessa ânsia voraz de criar minha própria outra coisa. eu não vou me esconder nunca mais, mas se eu cansar de fugir? se um dia eu cansar de fugir mãe? parece um pesadelo, parece que eles vão me cobrar esse papel daqui há dez anos e eu vou cuspir no chão e levar um murro. e eu só queria mãe saber no que que dá misturar esse manjericão aqui, ou se eu deixar essas pedras aqui onde pega o sol nas tardes de maio ou se eu ficar uma tarde inteira gritando com os passarinhos no jardim. e eu acho que nem disso eles merecem saber. eles não querem nem me fuder. me diz que pelo menos você, quando eu tiver fugido pra outra galáxia, vai reservar um tempo pra conversar com uma estrela.