sábado, 16 de junho de 2012

cansei da vigilância dessas microesferas toscas
vê se eu ia fantasiar uma coisa dessas! escutas no meu celular, no meu apartamento, meu histórico, minhas senhas clonadas!
e gastar a lombra da minha maconha com isso?
não... sabe que prefiro fantasiar com nuvens quentes de fim de tarde transformando-se em mãos quentes sobre mim, de olhos fechados, para mim, que todos também estão bem de alguma forma qualquer e o sol aquece depois esfria e cada um sente ao seu jeito que as coisas só são e a gente está aprendendo uns com os outros e estamos todos empolgados com as novidades...
o policiamento, amiga, é constante, é concreto, invasivo, combustível, cortante. 
fazer do meu mundo um outro, não me faz esquecer que é isso, um outro.
mesmo os analfabetos, que não se sujam de palavras, não deixam de sentir o cheiro podre de seus ecos.
sei que estou sendo vigiado. minhas nuvens abrem portas perigosas.
sabemos, amiga, que a experiência vem junto com o perigo. e corremos.
não paramos.
estamos aprendendo.
não dichavo a fantasia.
não parto.
e essas armas todas estão justamente apontadas para ela! tenho perdido o sono, confesso.
a gente tem medo nem sei de que... treinei minha assinatura desde os treze, porque era um bobo sem tamanho, não sabia o que estava fazendo... não sabia que ensaiava meu ato final. um mutilamento aqui outro dali. acham que podem diminuir a infinitude, mas o pior é que acreditam, aí as frutas apodrecem todas na geladeira...
quero um dia apenas
não me sentir
vigiado.


cada vez me sinto mais vi(gi)ado.

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