quinta-feira, 24 de novembro de 2011

se eu acabar me matando sem querer... a culpa vai ser minha? não, espera... eu não to tentando encontrar culpados.
mas sabe que antes eu queria que você, ou quem quer que fosse, me sentisse. me amasse, se você quiser.
mas agora não é isso. a busca se tornou obsessiva em certo momento. depois eu nem sabia. agora eu sei e nada. agora eu quero você. mas se eu não quero que você me queira, não sei como funciona.
eu podia tirar uma fotografia e querer mostrar pra todo mundo quem é você. mas eu não poderia fazer isso com você.
não depois do que a antropologia foi em mim. aliás pelo bem do que ela me é, não posso inclusive me formar como antropólogo. enquadrar você assim me dá arrepios claustrofóbicos. é segurar uma faca sem cabo. e eu não costumo medir violências. e eu não posso. amor. eu não posso. eu já sinto as contrações. quem eu vou colocar nesse mundo. quem já se sente enclausurado em meu ventre tanto mais se sentirá caindo de cabeça na terra. por favor, bebê, se enforque com o cordão umbilical. por favor.
o dia já está escurecendo. negar que gosto tanto de você? ou posso. ou devo. porque diabos nasci em uma família cristã? acaba aqui. goteira interrogacional. acabe aqui. felicidade ocidental. meu coração pendurado em um varal em um mercado de rua em marrakesh. a gente ri junto e cheira a peixe. a gente também sabe da sede da parede.
ou é só esse ônibus. ou é o engarrafamento... cada um desce na sua parada.
mas nada para. nada.
(ônus e bônus. às vezes a gente é feliz juntos)

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