segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

saber como funciona o sistema é um passo importante. depois é sair atirando. ou fazer piada disso, fazer dele palco e brilhar na performance, lógico dançando porque se você não atira, ele atira. assim que eu faço.
não falo de pôr fogo no circo também e sair montado num elefante, nem tanto. não sou assim.
pode-se em vez de falar respeitável público, falar filhos da puta! depois oferecer uma chupetinha por dez reais.
as necessidades e quereres são todos limitados subordinados.  mas eu te quero. e a gente sabe disso tudo. e você me quer também. daí a gente faz nosso carnaval um no outro. e depois sai distribuindo beijos pelas ruas do brasil. dançando ao som das balas, até que toda a munição acabe. assim que a gente fez.
ai, essa tradição de negar o prazer pra varrer lixo pra baixo do tapete que é a nossa pele. isso é tenebroso!
eu só quero me divertir. falei isso a vida inteira pra papai, mas ele insistia em franzir a testa.
bobo que era, quando criança imitava sempre essa sua careta e sofria de fortes enxaquecas.
mamãe se preocupava comigo, mas o conflito nela sei que era tanto quanto maior que preferia mesmo só mastigar sem fazer muito barulho e não deixar nada no prato, comia até o último grão. eu fazia o mesmo.
só que sempre tive essa facilidade pra vomitar. ai, como tive doenças quando pequeno. não saía do hospital... papai e mamãe devem ter morrido de estresse e desgosto. muito triste mesmo. eu tenho saudade deles. uma tela em branco não é culpada por terem cagado nela uma pintura tão medíocre e demodê.
eu vejo assim.
no dia do enterro levei tintas de várias cores e pintei seus caixões com as mãos e os pés. o resto da família me levou carregado de lá. e deles não tenho saudade. porque tenho raiva mesmo e me permito odiar às vezes, senão não grito e aí eu choro e aí eu... me deixa também, né?
quando eu digo o sistema, saiba que falo de uma porção bem pequena. pobre de mim se achasse que entendo de alguma coisa além das roupas que eu visto. e delas entendo bem. é só por isso que tenho sabido me virar. e revirar.
as roupas, gosto de ficar sem. mas se sair andando por aí sem roupa o mundo inteiro vai franzir a testa e aí é enxaqueca demais pro meu corpinho. estando bem vestido, posso guardar minhas tintas no bolso. posso pintar a sola dos meus sapatos e sair por aí colorindo meus passos. a liberdade é situacional e assim eu a reinvento.assim dá pra se divertir, e é só isso que quero e quis a vida toda.
um dia alguém vê por aí essas pegadas e segue pra ver onde dá.
aí um dia nem o asfalto nem os velórios serão negros.
nem terá elefantes em circos.

Um comentário:

beta(m)xreis disse...

gosto muito desse lance do colorido. muito muito.